segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Capacidade de Adaptação

Hoje parei para pensar na minha vida... Não só o momento agora, mas sempre, desde a infância brincando de esconde-esconde com os primos na rua de calçada da casa da minha avó, em Fortaleza - CE, até hoje, uma quase Mestre em Economia de Empresas em Portugal, um título, aliás, grande e imponente demais para tão pouco significado. E a única coisa que me veio a cabeça foi: Como o ser humano é capaz de se adaptar as mais variádas situações, desde que esteja aberto a isso... Hoje não sou nem sombra do que eu era antes dos meus 20 anos, quando saí a primeira vez de casa para fazer um intercâmbio nos EUA, muito mais independente, muito mais cabeça feita, muito mais responsável e, por isso, mais confiante nas minhas decisões.

A vinda para Portugal me fez ver outros lados do meu eu que ainda andavam adormecidos, me fez capaz das coisas mais básicas como cozinhar ou comer alguns tipos de comidas mas que eu nunca havia me imaginado fazer, achava sempre que havia sido criada para ser uma grande executiva e não para arrumar casa ou cozinha, que tempo eu teria para aquilo?! Na realidade aprendi que fora do Brasil temos de arrumar tempo... Tempo para ser a grande executiva, tempo para cozinhar nossa própria comida, tempo para arrumar a casa, tempo para cuidar dos filhos que virão um dia, tempo para estudar e melhorar, tempo para o meu vício: a leitura, tempo para tudo! Aqui não podemos ser apenas a executiva, temos de ser a super mulher que faz tudo porque não temos empregadas ou babás assim tão facilmente como no Brasil.

Acho que aprendemos a ser menos exigentes com aquilo que comemos, onde dormimos, como dormimos... Aproveitar mais as coisas novas, estarmos mais abertos as novidades, a novas aprendizagens... Me lembro que sair da minha caminha adorada em casa para dormir onde quer que fosse era um terror, eu tinha de internalizar bem aquilo antes de o fazer, além disso, não podia ser muito escuro porque [pasmem!] eu tenho/tinha medo do escuro... Hoje em dia, consigo dormir em qualquer lugar, até no chão se necessário, no escuro então!! Estou numa boa [quer dizer, desde que eu decore antes onde está o interruptor para alguma emergência!=)]. Acho que posso dizer que essas experiências me fizeram muito bem, sou uma mulher bem melhor hoje do que eu seria se tivesse vivido sempre no mesmo lugar.

Tem uma frase do Saramago, acho, que diz assim: "Uma pequena aldeia pode ser o mundo para quem nunca saiu dela" e era assim que eu pensava de quem nunca havia saído. Das minhas grandes amigas, muito poucas tinham, mesmo sem nunca ter saído da "aldeia", uma cabeça mais aberta, com idéias além daquelas coisinhas pequenas de quem ainda tem o seu próprio umbigo por principal companhia. Passei a ver que havia mais além do meu egocentrismo de adolescente [ou aborrecente, fui mesmo uma chata, confesso].

Nem sei porque resolvi escrever isso aqui no blog, talvez para ver quem de vocês sentiu o mesmo depois de ter deixado a patria e se aventurado em um país distante e diferente do nosso querido Brasil, ou simplesmente porque eu precisava dizer a uma pessoa, que tem medo de mudar, que não o tenha, porque a mudança nos engrandece, nos faz melhor, apesar de nos fazer sofrer um bocado as vezes como pagamento por este aprendizado... Mas não é assim que dizem: Não se dá nada de graça?!

8 comentários:

AleB disse...

Opa! Levantando a mao para afirmar que tb sinto isso!!
BJS

Anónimo disse...

http://somagui.zip.net
Isso e relativo. Vc era mimada e tinha tudo nas maos. Ate empregada a ponto de achar que todos tem a sua vida. Em principio eu acho que vc amadureceu mas continua generalizando e achando que o mundo e as pessoas sao como vc. Se fosse assim como vc diz nao haveriam pessoas de grande porte e que nunca sairam de seus paises.Grandes benemeritos, grandes inventores e grandes pessoas que nao precisaram ir a Europa decadente e exploradora para poder encontrar o seu caminho produtivo e feliz sem querer impor culturas alienigenas aos outros. Cada um e cada um.

Maíra disse...

Oi Magui,
desculpa se ofendi vc com o que escrevi. Não generalizei, só escrevi o que aconteceu comigo. Nem disse que todos precisamos disso para sermos melhores, tanto que digo que algumas amigas não precisaram sair de casa para terem a cabeça feita. No meu caso aconteceu assim. Concordo que tive uma vida um pouco facilitada no Brasil, mas isso não diminui o que aprendi saindo de casa e o que todas as pessoas aprendem saindo das suas casas, nem precisa ser para fora do Brasil, basta ir para uma cidade vizinha, ver gente nova e um modo de vida novo. Ja morei em outras cidades do Brasil, nos EUA e agora na sua "Europa decadente e exploradora" e em cada uma aprendi alguma coisa que me fez melhorar, crescer um bocadinho mais.
Além disso, não disse no post, mas sei que em alguns lugares do Brasil ter uma empregada já não é tão fácil e sei muito bem que mesmo as mulheres que as tem também têm de ter muito trabalho, um pouco facilitada pela ajuda, mas sempre vi minha mãe trabalhar muito dentro e fora de casa para criar a mim e a minha irmã e sei o valor disso.
Não sei como você entendeu o texto e talvez não fosse isso que eu quisesse passar quando o escrevi, mas acho que vc não tem o direito de julgar alguém que você nem conhece, a não ser por textos soltos em um blog da net, chamando de "mimada" e dizendo que eu "tinha tudo nas mãos". Apesar de uma vida um pouco facilitada, nunca tive tudo nas mãos. Ter uma empregada não significa isso.

Anónimo disse...

apesar de as vezes ter medo de mudancas, eu vivo mudando. Nos ultimos anos, principalmente no ultimo, percebi que tb mudei a beca..cresci. é meio assustador as vezes pensar como a gente agia e pensava. A gente deixa muitas coisas que irritavam a gente pra tras e se torna mais tolerante. Acho que meu medo maior nao é o de mudar, mas o de estagnar. bjs!

Patotinha disse...

Oi Maíra!
Eu cresci 5 anos em 1. Ano passado foi o meu primeiro ano de Europa, o primeiro longe dos pais, o primeiro ano casada. Concordo que nos primeiros meses pensei que iria morrer de solidão. Sofri muito, senti muita falta da família, chorei demais da conta. No início impliquei com Portugal, porque achava que ele era o culpado do meu sofrimento (pobre Lílian).Em dezembro, poucos dias antes de completar um ano eu parei e cheguei a conclusão que vim para Portugal foi ótimo. Me tornei mulher, paciente, mais sábia, aprendir a viver mais sozinha, aprendi a aceitar as pessoas que pensam diferente de mim.

Que pena que você esqueceu o telefone :( Quando vier novamente me liga.
Beijos
Lílian

Anónimo disse...

Olá Maíra...

Lindas palavras que refletem uma grande realidade. Ver outras realidades e se inserir nela exige um bocado de paciência e dedicação, mas o que seria de nós, pobres mortais, se não fosse o aprendizado e a mutação inerente a uma melhora do ser humano.

Muito bem colocada suas palavras.

Abraços.

maband disse...

Q bom , isso faz vc crescer e amadurecer!
Cuidar de casa deve ser tão prazeroso qto ser uma boa executiva!
bjs

Anónimo disse...

que bosta mas c e mo gata